Já não sei se......



Já não sei se é dor ou se é por hábito meu ser sempre aquele que chora e que bate contra todas as paredes.
Já não sei se tenho frio ou se sinto um vazio que me congela os ossos e os dedos quando tudo começa a ficar numa grande porcaria.
Já não sei se ainda consigo sonhar ou se as minhas ideias estão mortas.
Já não sei se tenho de esperar por ti ou se tenho de fingir uma saudade.
Não sei se quero morrer ou se quero acreditar em todas as asneiras que me contas para que saia ou entra ao teu lado na cama.
Já não sei se consigo cicatrizar ou se mijo o sangue das minhas dores sentimentais.
Já não sei se mantenho o meu "eu" ou se me disfarço numa criança.
Já não sei se estou acabado ou se continue a lutar.
Será que estou infeliz?
Já não sei se tenho de andar para frente ou se tenho de recuar.
Já não sei se é a tua voz que me dá naúseas quando acordo ou se sou eu k está farto de ver o cinzento na parede.
Já não sei se tenho medo ou se já não acredito em nada.
Se as minha lágrimas escorreguem no teu coração, se os meus risos queimam as tuas mãos tão bem tratadas pela esteticista.
Já não sei se é normal ter o meu coração tão alto que até levanta as minhas antas e que tritura o meu cérebro.
Já não sei se sou feio ou se é este maldito espelho que está partido em milhares de pedaços que me rasga a estima e o olhar.
Já não sei se na tua língua ainda persiste um pedaço do meu sabor.
Já não sei se me afogo ou se brinco ao equilibrista entre o "tudo" e o vazio.
Já não sei de nada, não sei quem eu sou, não sei se posso continuar a viver assim....

Fina Flor



Inseguro! Sinto-me inseguro. Por quê que tenho sempre medo de ser deitado fora como uma flor que já murchou? Tenho medo de espalhar as minhas pétalas num saco de lixo misturado com a sujidade de um grande festim. Medo de partilhar os sentimentos ao lado de restos gozados por ti. Medo de ser deixado ao lado de um preservativo cheio de sémen humano que está recheado de milhares de sementes de vida. Estas sementes de vida que estarão a morrer ao meu lado. A morrer sem atingir o seu principal objectivo. Imóvel vejo o escuro, um túnel sem saída… Uma gruta… Sem luz, sem foco, estou perdido. Repugnas-me tanto por vezes, mas sinto-me obrigado a ficar calado para continuar a desfrutar o momento em que arrepias-me com um simples sopro no meu pescoço. Dás-me beijos salivantes e sinto deslizar esse liquido que se produz abundantemente nas tuas glândulas no meu peito para molhar os meus sentimentos tornando-os turvos como uma manhã de ligeira neblina.
Ando cego, perco-me nesses restos teus. Às vezes tenho vontade de entrar num bulldozer sentimental para destruir uma selva repleta de pinhos e folhas desfeitas por roedores desfiguradamente úteis para a tua floresta.
Um pássaro canta. O meu líquido xilemico bloqueou. Será que aquela erva daninha desistirá de contaminar as outras flores para injectar o seu veneno mórbido contra mim e contra a flor celestial? Não sei se ela se chama assim, mas essa cor, a cor dos seus botões perturba-me. Aliás, tudo nela perturba-me. Essa flor tão rara é tão fraca que não sei se me apetece protege-la sem eu sofrer em retorno. Odeio-te tanto, mas tanto por me fazeres isso, mas agora temos que nos enquadrar neste meio hostil. Eu só estou a espera que uma alma me tire desse lixo que me puseste para que eu possa sobreviver a isso. Mesmo que tenha que beber litros de etanol e perder a cor das minhas pétalas, mesmo que tenha que gastar as minhas últimas pétalas quero sobreviver a isso. Quero te provar que mesmo sendo um tronco nu de folhas e de cobardia. Irei provar que tenho valor. Irei provar que sou algo de raro a não desperdiçar, mas por vezes penso que não mereces esse esforço.
Quero-te longe. Quero-te distante. Mas sinto falta de ti… Falta do teu sorriso… Falta dos teus cravos… As minhas lágrimas percorrem o meu corpo para explodir e espalhar-se no chão onde irei evaporar-me e só assim voarei com elas para outro destino. Mas para onde vou? Vou me por noutro quintal onde irei sofrer outra vez. Já estou farto de sofrer, mas infelizmente acho que o meu fado é esse.
“Cansado de tudo e de todos, vou rebentar e vou tornar-me numa fonte de luz”* para guiar almas que entram comigo na decadência dantesca e satânica do amor. Estou sempre a contradizer-me, digo que o amor já não existe, mas estou sempre desiludido a tentar entrar na sua sinfonia folko/melancólica.
Aguarde, o Ludo vai (re)surgir do nada! A primavera está a chegar, vou explodir em milhares de cores para atrair borboletas e abelhas que espalharão a minha essência por todo lado. A minha dor sanguínea, mas pura rastejar-se-á pelo mundo fora. Mundo em que não quero a tua presença.


O meu sorriso ao contrário



Tenho a pele muito pálida e crateras minadas por baixo dos meus olhos. As palavras são cuspidas pelo ar. Sou um bom actor a esconder a verdade, consigo possuí-la sem desvendá-la.
Armo-me em forte com os meus faróis avelã sem ter que me esforçar muito, mas em frente ao espelho vejo-me desfigurado. A máscara de fina porcelana inglesa que uso, para não ofuscar os olhares alheios, cai e vejo-me como sou na realidade.
Para amarrotar essas ideias muito bem engomadas, vou passar essas minhas angústias com o meu ferro de engomar. Mantenho os meus olhos grandes “entreabertos” para afogar os meus sentimentos entre o rim e o joelho.

Porque isso chateia os ideais de fazer publicidade à nossa moral. Porque é arriscar a impostura vestir-me à minha maneira. Se vocês brincam ao construir os meus falsos egos, eu brinco com as vossas falsidades. Com escárnio, risos falsos e gargalhadas cínicas divirto-me com as vossas figuras tristes.
"E se por vezes fico triste
e se a cólera em mim persiste,
armo-me em optimista."
Por isso, prefiro e quero colocar na minha face o meu sorriso ao contrário.

Silêncio!!! ouve o bater do coração.


Silêncio!

Ouve o meu coração bater em silêncio.
Escuta o sofrimento de um coração aberto enquanto é tempo.
Sente os meus pulsos a verter o sangue das minhas "ditas" proezas heróicas, os meus medos e os meus jogos de actor enquanto é tempo. O meu coração foi-te oferecido pelas mãos imortais dos Deuses Gregos , colocando-o junto ao teu para relaxar a minha batida irriquieta.

Ao longo do tempo o fio da nossa existência, domestica os nossos limites emocionais e físicos. Mas quem conhece verdadeiramente este fio? Este fio que costuma ser chamado "fio do tempo", é muito mais forte que os nossos desejos recalcados quando começam a desabrochar.

Ouve a vida...

Devagar, o silêncio alcança o seu caminho. Ele não é mais forte que nós, aliás, ele irá se fartar rapidamente da nossa luta constante cedendo à douçura da poluição sonora, já tão bem inserida na nossa cabeça. O meu coração baterá para ti e só para ti, na medida exacta e ao ritmo do nosso amor, onde tentará por códigos Morse aproximar-se do teu.

Respira mais uma vez....

Rezo para que os nossos corações palpitem juntos. Tu és o meu ouro, tu és a minha....
Ai! faltam-me as palavras... Fica... Vive.... apanha o teu fôlego num golpe seco de sangue... Respira, mas por favor em silêncio... Quero afogar-me no som de uma batida arterial profunda e apaixonadamente boa, onde poderei perder-me nas confidências que foram sussuradas no berço dos nossos ouvidos e murmurar promessas num sonho banhado de um púrpuro sanguíneo.
Nas noites de esquizofrenia sonho trocar os teus sentidos para que o teu olhar se transforme num tocar malandro, porco, erótico... Só sonho com o prazer carnal.... Que delícia! Onde tu transbordas e deslizas. Mostra-me as tuas fraquezas para eu poder gozar nos teus sentimentos.

Continua a maquilhar a tua face para esconder o teu pudor, para por à nu esses amores inéditos, esses prazeres proibidos..
O teu coração inserido no teu peito esconde-se de tudo e de todos...
Mas, por favor, ouve o teu coração a entrar em sintonia com meu..

Viver o Momento.



Linda, Linda, Sou eu.
Eu sei que por vezes existem noites assim,
onde tudo se destroi a nossa volta sem saber porquê.
Temos que olhar para frente sem descair os braços.
Eu sei que não há remédio para tudo,
mas por vezes temos de fazer um esforço.
Linda, Linda, despacha te,
Vivemos...
Só morremos uma vez fisicamente e não temos tempo de nada,
quando nos apercebemos que é o fim.
Não está escrito nos livros,
que o mais importante a viver,
é viver o dia a dia.
O tempo é amor,
mesmo se não tenho esse tempo....
Tempo de assumir os meus sentimentos,
tenho dentro de mim algo cada vez mais forte,
vontades e vontades.
Tu sabes,
Não!
já não tenho vontade de compor os meus erros
ou de refazer o que deveria ser feito..
voltar para trás....
Linda, Linda não páres.
Só vivemos uma vez.
Linda já fiz voltas e voltas,
de história de amor,
e tenho...
Sim! tenho essa coragem em mim para virar outras páginas,
sabes que o tempo nos é contado,
nunca podes olhar para trás....
e dizer que foi pena de ter passado a idade em que tudo é possível.
Linda, Linda não te preocupes,
lembranças de coisas assim, tem de se guardar dentro de nós.
Sabes que não está escrito nos livros,
que o mais importante da vida, é
viver o momento.... é esse o tempo do amor.

Confuso?!?



Quatro paredes que ressonam.
Eu queimo-me e tenho sono.
A tua ausência tem tendência a perder importância para mim.
É óbvio que eu penso que a tua evanescência é parecida contigo.
A lacuna é a tua indiferença que floresce no meu coração, e que se propaga como uma tinta da china que mancha toda a claridade da minha alma numa mancha viscosa e suja.
Por quê que complicas tudo?
Cada vez que te questionas sobre a minha dedicação amorosa torno-me agressivo e cru. Não vês que isso afasta-nos? Complicas sempre tudo. O aborrecimento é pura ilusão tua e um dia irei fartar-me desta rotina amorosa que me transforma, que me torna raivoso e rancoroso.
Tu escorregas e eu afogo-me nos meus dedos encostados a minha face desesperada onde roo o meu amor por ti. Toco-te com o meu olhar, porque só nos meus sonhos é que consigo visionar-me feliz ao teu lado. Pára de estar tão presente na minha vida, não me sais da cabeça. O meu defeito é indecente e tão melancólico que questiono-me com inúmeras perguntas. Será que és mesmo tu a complicar esse "nós"? Ou serei eu o culpado de tudo? Queria te poder explicar esta a minha frustração. Quero te explicar porquê que me transformo num ser alienado cada vez que estás confusa. Eis a minha resposta: Tenho medo do amor, medo do compromisso, medo que desapareças da minha vida, medo de te ver fugir, medo de esperar por ti, medo de não estar a tua altura... e isso... Torna-me louco....

Inevitavelmente, o tempo da rebeldia acabou...


Entre nós não se pode dizer que existiu uma guerra, mas quando não estás ao pé de mim sinto a tua falta. É como um grande silêncio de Inverno que se instalou numa gruta. É certamente culpa da Terra que anda à volta dos nossos sentimentos. A Terra sempre teve os primeiros verdes... Verdes da pureza das músicas que falam do tempo. Nós não sabemos nada sobre O AMAR, nós gostamos é da vida, mas já que temos que nos separar, prefiro que seja na cama.
Pela primeira vez o tempo não passou por baixo das portas para ir ao nosso encontro. Este "tempo" não se importa com os nossos amores estragados, ele tem outros por apagar.
Gostamos tanto um do outro, sempre o dissemos. Mas já que temos que nos magoar, antes prefiro fazê-lo de forma corajosa, encarando-te. Eu não sei porque que o AMOR deixou o seu lugar ao "carinho"... É de pensar que a palavra "sempre" saiu direitinha de uma noite recheada de licor.
Não sei nada do amor, não sei nada da vida. Por isso peço ao tempo que leve as minhas fantasias e a minha felicidade para que eu fique sem alma. Inerte, morto, seco.


(...)


Gostei tanto de a amar, que esquecê-la foi difícil e hoje ainda sinto a dor deste amor perdido, inaproveitado. O meu corpo e o meu coração ainda sofrem, porque adorei ama-la. As nossas almas, as nossas mão entrelaçadas infelizmente separaram-se. Infelizmente ainda oiço no fundo do meu coração cânticos góticos que cantam em coro a dor do esquecimento. Esses cantos perturbam-me ao passar uma mensagem dolorosa de "como é difícil esquecer alguém que se ama"... Por isso chorei, por isso ainda choro e questiono-me se algum dia serei capaz de amar como amei essa donzela. Mas, aconteceu o inevitável, agora ando a volta do "como" e do "porquê". Por quê não reparei que bastava aproveitar o momento Presente e olhar o Passado como um velho amante e o Futuro como um doce pretendente? Mas nada é suficiente, a areia do tempo já se esgotou.
Agora vou fazer a minha última overdose, prometo passar para outra coisa, passarei sim ao perdão e ao sossego do meu falso "eu", o ego que não sou para submeter-me à inevitável metamorfose da minha alma.
As palavras não eram desafios, mas sim um sermão gravado numa peça de mármore que poderia contradizer o grande Descartes "eu sou, logo eu penso"...
Agora sim, vou pensar que todos os momentos que passei com ela irão voar com a primeira aragem que irá acariciar o meu corpo nu de sofrimento, irei tirar esses momentos presos na minha cavidade cerebral, porque inevitavelmente nada dói mais que esquecer alguém que se ama.

ReVeRsO


Deslizando o meu corpo sobre o teu, na ternura dos lencóis, encontro um refúgio aos nossos humores, às nossas palavras que saem das nossas bocas. Palavras? Âlgumas promessas, alguns "se devo" para que a minha pressa de amar pare por um bocado.

Eu sou um rapaz de boas maneiras, e tal como a ética obriga, entrego a minha garganta às garras do fumo que me ofereces. Tento brincar, deambular na tangente do precipício onde a minha paciência integra o teu coração seco e frio. Quero fogo, quero falsidade, quero atitudes para construir a minha bela solidão... Vês? Estou a habituar-me a essas sombras que escurecem a minha alma e... Puxo as cortinas do meu castanho avelã, onde vou coser o teu olhar ao reverso para inserir um sorriso na minha face que esticará as minhas rugas no canto das minhas pálpebras no momento em que te deixo aterrar no meu universo. Porque é quando fecho os olhos que te vejo melhor ao reverso...

Pus um véu no tempo, para pôr dentro de duas ou três páginas um momento nosso, onde posso molhar a minha cara de alegria e de profunda extasia. Algum vento, algumas despedidas, eu sempre me precepitei devido ao meu prematurismo constante. Eu ia do "nós" ao "vós" ao "tu". Sente o açucar a derreter o meu sonho.

Eu estico o meu "comboio fantasma" até o rio do meu ser, porque sei que corres no meu mundo, corres nas minhas veias, mas sei que se abrir os meus olhos e tu estiveres ao meu lado isto significará a minha morte..